sábado, 12 de abril de 2008

Automedicação traz sérios riscos à saúde

Brasília - O uso indiscriminado de medicamentos é motivo de preocupação para as autoridades de vários países. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o percentual de internações hospitalares provocadas por reações adversas a medicamentos ultrapassa 10%. Para alertar a população sobre os riscos da automedicação, a Política de Medicamentos do Ministério da Saúde procura conscientizar os brasileiros sobre a utilização racional desses produtos. Até o fim do ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ligada ao Ministério, pretende lançar uma série de filmes tratando do assunto.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em seres humanos. Somente em 2002, segundo o sistema, os medicamentos provocaram 26,9% do total de intoxicações registradas no país. Para o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, o consumo indiscriminado de medicamentos tem ligação direta com a prescrição e a venda irregulares. “Parcela significativa dos pacientes não utiliza o medicamento corretamente”, diz Dirceu. Uma das medidas do Ministério da Saúde que ajuda no combate à automedicação é o fracionamento, permitido desde 2005. O paciente leva para casa apenas a quantidade necessária para seu tratamento. Segundo a Anvisa, a venda fracionada reduz os riscos de intoxicação. Com a sobra de medicamentos, muitas pessoas acabam intoxicadas pela ingestão de um produto vencido ou inadequado. As crianças têm o maior risco potencial de intoxicação por uso indiscriminado de medicamentos. Os menores podem confundir comprimidos com balinhas, e xaropes com sucos, por exemplo. O consumo indiscriminado de medicamentos oferece outros perigos, pois em geral, esses produtos são capazes de provocar efeitos colaterais. “Quando o paciente recebe atendimento médico ou assistência farmacêutica, é informado sobre os riscos”, explica Dirceu Raposo de Mello. As interações medicamentosas (combinação de medicamentos) são outro perigo para o organismo. “Um remédio pode anular o outro ou potencializar um efeito colateral”, exemplifica o diretor. Seminários – Para disseminar o uso racional de medicamentos, a Anvisa, em parceria com a Federação de Nacional de Médicos e a Federação Nacional de Farmacêuticos, promove discussões sobre a influência da propaganda desses produtos nos profissionais de saúde e na população em geral, o que pode levar ao uso incorreto. Os debates servem para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária planeje ações para difundir a importância do uso racional entre as categorias profissionais e a sociedade. A Anvisa também pretende criar cursos à distância sobre o assunto.Segundo as autoridades em saúde, a propaganda causa grande motivação no uso irracional e prejudicial de medicamentos. De acordo com dados do Projeto de Monitoração de Propaganda da Anvisa, cerca de 90% desses comerciais apresentam algum tipo de irregularidade. A situação é mais alarmante na publicidade direcionada a médicos e farmacêuticos. Quinze por cento de 1,5 mil propagandas de medicamentos de venda sob prescrição analisadas pela Anvisa não apresentavam cuidados e advertências, 14% não alertavam sobre as contra- indicações e mais de 10% continham afirmações sem comprovação de estudos científicos.

Cuidados com o uso de medicamentos:

- Quando você achar que tem algum problema de saúde, procure um médico.
- Evite recomendações de vizinhos, amigos, parentes ou mesmo de balconistas de farmácias ou drogarias. Não confunda o balconista da farmácia com o farmacêutico.
- Na consulta, informe ao médico se você já utiliza algum medicamento e se faz uso freqüente de bebidas alcoólicas.
- No momento de adquirir medicamentos de venda livre, produtos considerados de baixo risco para tratar males menores e recorrentes, como dor de cabeça, procure orientações do farmacêutico. Esse profissional também tem um importante papel para o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Ele deve notificar às autoridades de saúde sobre a ocorrência de qualquer efeito adverso não esperado pelo uso de medicamentos.


Uma das ações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para melhorar a qualidade das propagandas de medicamentos e a informação sobre esses produtos voltada a médicos e farmacêuticos é a revisão das normas que regulam esse tipo de anúncio no país. A Resolução nº 102 de 2000 estabelece os critérios para veiculação da publicidade de medicamentos. Nos próximos meses será divulgada uma proposta para atualizar as regras do setor. Além da revisão do regulamento de propaganda, a Anvisa desenvolve estratégias de educação que atingem diversos segmentos da sociedade. As ações orientam sobre a promoção da saúde com enfoque no uso racional de medicamentos e outros produtos sujeitos à vigilância sanitária, nos perigos da automedicação e na influência da propaganda enganosa e abusiva. O “Projeto de Monitoração de Propaganda” é resultado de um convênio da Agência com 19 universidades de todo o país para monitorar diferentes veículos de comunicação. As instituições conveniadas realizaram diversas ações de educação regional com escolas de ensino básico, universitários e comunidade. Até o fim do ano, a Anvisa pretende lançar uma série de filmes, que inicialmente serão veiculados na rede do programa Farmácia Popular do Brasil, sobre o uso e aquisição de medicamentos e riscos da automedicação. Outra ação importante do governo é a Campanha para o Uso Racional de Medicamentos, veiculada pelo rádio.


É bastante freqüente entre os brasileiros o hábito de tomar medicamentos por conta própria, quer seja por orientação ou sugestão de amigos ou pessoas não habilitadas a receitar, quer seja sem prescrição médica. Portanto é muito importante que as pessoas saibam cuidar melhor da saúde, conheçam o risco da automedicação, valorizem mais o conhecimento médico e o ideal é que todos os medicamentos sejam vendidos apenas com retenção de receita.


http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2006/06/29/Especial/Automedicacao_traz_serios_riscos_.shtml

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